Cícero, denunciando Catilina no Senado

Cícero, denunciando Catilina no Senado

10 outubro, 2008

Outra vez

Há uns tempos atrás fiquei chocado por uma manifestação de falta de confiança; afinal, eu tinha ficado chocado em vão porque tudo correu bem.
dois dias na folha de couve oficial, torno a ver o mesmo.
Fico contente porque vejo que os amigos não só para as ocasiões; são para todas as ocasiões.
A diferença de nível hierárquico é nenhuma o que ainda mais conforma o meu igualatarismo.

16 setembro, 2008

Frases de jornalistas

(Isto é retirado da revista Almanaque, de Fevereiro de 1961, pp. 47-48)

Algumas frases utilizadas pelos profissionais do jornalismo e o que as mesmas frases querem dizer.
1- Telefonou-me ontem o Dr. X…
Consegui, à sétima tentativa, que o Dr. X viesse ao telefone
2- Não posso dizer quem me deu a notícia.
Disseram-me na Brasileira.
3- Corria ontem em Madrid o boato…
Ontem em Madrid não corria nenhum boato mas, agora, é natural que passe a correr.
4- Almocei ontem com o Dr. Y.
Vi o Dr. Y no restaurante onde eu estava a almoçar.
5- Fontes geralmente bem informadas…
O empregado do meu cafá.
6- O nosso correspondente em Marselha…
Aquele tipo de Marselha que escreve para todos os jornais.
7- Como previ há 5 anos.
Ninguém se lembra do que eu dissa há 5 anos.
8- Não trataram o representante da imprensa com o devido respeito…
O porteiro não me deixou entrar de borla.

23 agosto, 2008

Idas e vindas

Nestas coisas de férias, com portos, estações e aeroportos, lembro-me sempre da seguinte anedota:
O Américo Tomáz foi ao Aeroporto da Portela despedir-se do Cardeal Cerejeira que viajava para Roma.
Diz o Américo Tomaz:
- Adeus Insigne Viajante.
Responde o Cardeal:
- Adeus Insigne Ficante.

11 junho, 2008

Dia da raça

Ontem foi dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
O PR, por lapso ou intencionalmente, evocou o dia da raça.
Além disto provocar uma reacção esquisita do PCP, cujo confronto com a História é sempre difícil, deve-se notar que o PR fez bem em evocar o antigo dia da raça pois nem ele nem ela existe já.
O dia passou à história e a raça já não a temos; nem raça nem fibra.
Apenas queremos sol na eira e chuva no nabal.

08 maio, 2008


Estive há dias nos Açores pelas festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Estava a andar por ali quando vejo uma casa, toda florida, com bandeiras. Mais de perto, reparei que uma bandeira era a dos Açores e a outra a da Grécia.
Fiquei espantado porque não vi a Bandeira Nacional.
Falei com os meus amigos deste humilde tasco que me explicaram que a casa é a do Chefe da Confraria do Santo Cristo que é, também, o cônsul da Grécia.
Está bem, está certo que ele ponha lá a bandeira do país estrangeiro que representa — mas a Bandeira Nacional não tem que estar hasteada na presença da bandeira de outro país?
Afinal, que representante é este que a Grécia tem nos Açores? Um indivíduo que nem sequer respeita o seu próprio país? Se eu fosse o Embaixador da Grécia em Portugal ficaria preocupado com a escolha desta pessoa para seu cônsul; se ele trata mal o seu país, então como tratará a Grécia?
Enfim, só fique ofendido.
Não fui na procissão.

16 abril, 2008

Tacho ou talvez não

Todos os dias leio a folha de couve oficial. Por duas razões: não é tão gratuita como isso, é só os últimos 30 dias; depois, gosto de saber destas coisas da legislação e administração.
Vi ontem o diário e apanhei um choque quando vejo que uma secretária pessoal de um Secretário de Estado tinha sido exonerada. Pensei logo que aqui havia problema, perguntei-me o que se teria passado para o SE demitir a sua secretária pessoal.
Mas só pensei nisto um segundo porque o despacho logo a seguir do mesmo SE nomeia uma assessora. Pensei logo que as coisas, afinal, não eram tão negras como eu tinha pensado um momento antes.
Fui ver, que isto da coscuvilhice não é só de velhas e o jornal é público, e constatei que a secretária pessoal exonerada é a assessora nomeada!
Eu tenho ideia que as funções e as capacidades e os requisitos para um cargo e para outro são bem diferentes mas se calhar a senhora em questão tem isso tudo.
Se assim for, eu só acho bem.

08 abril, 2008

Querido líder


O deputado do PND na Assembleia Legislativa da Madeira propôs a construção de uma estátua a Alberto João Jardim, a erigir no Funchal, com cerca de 50 metros de altura, por ocasião e em homenagem aos seu 30 anos de governação. Referindo-se a Jardim como o «ilustre e intrépido guia e mentor do Madeirense Novo», sustenta este tribuno que tal estátua deva ser colocada no cimo do antigo Forte de S. José, na entrada do porto do Funchal. E mais, que deva ter uma escada interior para os visitantes subirem até à altura da cabeça «de onde poderão observar a baía e a mui nobre cidade do Funchal, através dos olhos do seu amado líder.» Acrescenta que «na base do pedestal, sejam colocadas pequenas rodas em aço, como nos antigos moinhos da ilha do Porto Santo, ligadas por correias transmissoras a um mecanismo propulsor interno, que permita que a estátua acompanhe o movimento do sol, como fazem os girassóis; que, na altura do zénite do astro-rei, emita a estátua um forte silvo, que simbolize para as gerações vindouras os imortais dotes oratórios de Jardim; que a energia necessária ao movimento de rotação e apito da estátua seja fornecida pelas ondas do mar.»
Na linha de Estaline, Mao Tse Tung e Kim Il Sung (outros «queridos líderes»), o PND segue um caminho de provas dadas; ou então o intrépido deputado perdeu a cabeça.

03 abril, 2008

Rocket O'Sullivan

Há 11 anos, O'Sullivan fez a jogada da vida de qualquer um: 147 pontos em cerca de 5 minutos. Isto significa marcar 15 vezes a preta mais as respectivas vermelhas e fazer as bolas de ordem.
Parece fácil mas reparem: no ponto 79, vejam a suavidade da tacada; no ponto 96 é patente que ele faz o que quer; para o ponto 140, vejam a branca.

27 março, 2008

Essa é que é essa


«A penalização por não participares na política, é acabares a ser governado pelos teus inferiores.»
Platão

15 março, 2008

Dúvida jurídica

Andando de blogue em blogue, fui parar a uma página de advogados. Li lá uma coisa que não percebi. Como sei que há juristas nesta chafarica (ou, se calhar, advogados), peço que me esclareçam que estado civil é este: separada de facto.
Mas expliquem-me devagar para eu poder perceber.

11 março, 2008

Saudoso Eça


Governo dá uma «mãozinha» na acção de Paulo Pedroso contra o Estado


DONA «TRAPALHADA» II
Um documento de Catalina Pestana apareceu misteriosamente nas mãos do advogado de Paulo Pedroso. E quem o passou foi o chefe de gabinete do ministro Vieira da Silva. A juíza já participou ao Ministério Público. O caso prova as ligações entre o Governo e Paulo Pedroso, num caso em que este processa o Estado...

07 março, 2008

PIDESCO


Agentes da PSP, cumprindo ordens, estão a ir às escolas perguntar quem são os professores que vão à «marcha da indignação», uma manifestação de professores do ensino básico e secundário marcada para amanhã, em Lisboa.
É uma loucura. Estamos no mês de Março… mas parece que de 1974!
Onde está o PR?
Não está em causa «o regular funcionamento das instituições democráticas»?

06 março, 2008

A propósito de cultura popular


«Ser alentejano não é um dote, é um dom...»


Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo, o rio da portugalidade. O rio que divide e une Portugal e que à semelhança do Homem Português, fugiu de Espanha à procura do mar.

O Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da planície dão-lhe a espiritualidade, a tranquilidade e a paciência do monge; as amplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a resistência física, a rusticidade, a coragem e o temperamento do guerreiro. Não é alentejano quem quer. Ser alentejano não é um dote, é um dom. Não se nasce alentejano, é-se alentejano.
Portugal nasceu no Norte mas foi no Alentejo que se fez Homem. Guimarães é o berço da Nacionalidade, Évora é o berço do Império Português. Não foi por acaso que D. João II se teve de refugiar em Évora para descobrir a Índia. No meio das montanhas e das serras um homem tem as vistas curtas; só no coração do Alentejo, um homem consegue ver ao longe.

Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao reino depois de dobrar o Cabo das Tormentas, sem conseguir chegar à Índia para D. João II perceber que só o costado de um alentejano conseguia suportar com o peso de um empreendimento daquele vulto. Aquilo que para o homem comum fica muito longe, para um alentejano fica já ali. Para um alentejano não há longe, nem distância porque só um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida de velocidade, mas uma corrida de resistência onde a tartaruga leva sempre a melhor sobre a lebre.

Foi, por esta razão, que D. Manuel decidiu entregar a chefia da armada decisiva a Vasco da Gama. Mais de dois anos no mar... E, quando regressou, ao perguntar-lhe se a Índia era longe, Vasco da Gama respondeu: «Não, é já ali.». O fim do mundo, afinal, ficava ao virar da esquina.
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Para um alentejano, o caminho faz-se caminhando e só é longe o sítio onde não se chega sem parar de andar. E Vasco da Gama limitou-se a continuar a andar onde Bartolomeu Dias tinha parado. O problema de Portugal é precisamente este: muitos Bartolomeu Dias e poucos Vasco da Gama. Demasiada gente que não consegue terminar o que começa, que desiste quando a glória está perto e o mais difícil já foi feito. Ou seja, muitos portugueses e poucos alentejanos.D. Nuno Álvares Pereira, aliás, já tinha percebido isso. Caso contrário, não teria partido tão confiante para Aljubarrota. D. Nuno sabia bem que uma batalha não se decide pela quantidade mas pela qualidade dos combatentes. É certo que o Rei de Castela contava com um poderoso exército composto por espanhóis e portugueses, mas o Mestre de Avis tinha a vantagem de contar com meia-dúzia de alentejanos. Não se estranha, assim, a resposta de D. Nuno aos seus irmãos, quando o tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporção numérica:
- «Vocês são muitos? O que é que isso interessa se os alentejanos estão do nosso lado?»

Mas os alentejanos não servem só as grandes causas, nem servem só para as grandes guerras. Não há como um alentejano para desfrutar plenamente dos mais simples prazeres da vida. Por isso, se diz que Deus fez a mulher para ser a companheira do homem. Mas, depois, teve de fazer os alentejanos para que as mulheres também tivessem algum prazer. Na cama e na mesa, um alentejano nunca tem pressa. Daí a resposta de Eva a Adão quando este, intrigado, lhe perguntou o que é que o alentejano tinha que ele não tinha:
- «Tem tempo e tu tens pressa.»

Quem anda sempre a correr, não chega a lado nenhum. E muito menos ao coração de uma mulher. Andar a correr é um problemaque os alentejanos, graças a Deus, não têm. Até porque os alentejanos e o Alentejo foram feitos ao sétimo dia, precisamente o dia que Deus tirou para descansar.

E até nas anedotas, os alentejanos revelam a sua superioridade humana e intelectual. Os brancos contam anedotas dos pretos, os brasileiros dos portugueses, os franceses dos argelinos... só os alentejanos contam e inventam anedotas sobre si próprios. E divertem-se imenso, ao mesmo tempo que servem de espelho a quem as ouve.

Mas para que uma pessoa se ria de si própria não basta ser ridícula porque ridículos todos somos. É necessário ter sentido de humor. Só que isso é um extra só disponível nos seres humanos topo de gama.
Não se confunda, no entanto, sentido de humor com alarvice. O sentido de humor é um dom da inteligência; a alarvice é o tique da gente bronca e mesquinha. Enquanto o alarve se diverte com as desgraças alheias, quem tem sentido de humor ri-se de si próprio. Não há maior honra do que ser objecto de uma boa gargalhada. O sentido de humor humaniza as pessoas, enquanto aalarvice diminui-as. Se Hitler e Estaline se rissem de si próprios, nunca teriam sido as bestas que foram.

E as anedotas alentejanas são autênticas pérolas de humor: curtas, incisivas, inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de observação, um sentido crítico e um poder de síntese notáveis.Não resisto a contar a minha anedota preferida. Num dia em que chovia muito, o revisor do comboio entrou numa carruagem onde só havia um passageiro. Por sinal, um alentejano que estava todo molhado, em virtude de estar sentado num lugar junto a uma janela aberta.
- «Ó amigo, por que é que não fecha a janela?», perguntou-lhe o revisor.
- «Isso queria eu, mas a janela está estragada.», respondeu o alentejano.
- «Então por que é que não troca de lugar?»
- «Eu trocar, trocava... mas com quem?»

Como bom alentejano que me prezo de ser, deixei o melhor para o fim. O Alentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo onde não é castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é aquilo por que qualquer alentejano anseia. E o pão... Mas há melhor iguaria do que o pão alentejano? O pão alentejano come-se com tudo e com nada. É aperitivo, refeição e sobremesa. E é o único pão do mundo que não tem pressa de ser comido. É tão bom no primeiro dia como no dia seguinte ou no fim da semana. Só quem come o pão alentejano está habilitado para entender o mistério da fé. Comê-lo faz-nos subir ao Céu!

É por tudo isto que, sempre que passeio pela charneca numa noite quente de Verão ou sinto no rosto o frio cortante das manhãs de Inverno, dou graças a Deus por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem almejar?

Santana-Maia Leonardo (foi corrigido o título do texto e o nome do autor)

04 março, 2008

Um anúncio

Este blog é culto e quer-se culto; mas não resisto a colocar aqui isto.
Como dirá a esquerda sobrevivente (à custa de quem?), se é popular também é cultura!
Este foi o anúncio que atirou Steve Mizerak para o público geral, isto é, para além do público que já o conhecia do pool ou snooker. Grande jogador, com vários títulos nos EUA, foi a cerveja Miller que lhe deu grande fama.
A dificuldade do filme não esteve só em embolsar as bolas; na última, o Mizerak olhava para a branca para ver se metia a outra mas não era isso que ele tinha que fazer; ele tinha que levantar o copo de cerveja e olhar para a câmara de filmar, deixando a bola andar.
Isto está no livro Steve Mizerak's Pocket Billiards Tips and Trick Shots, do próprio e Joel H. Coehn.