Gordon Brown assumiu hoje a Premiership da Grã-Bretanha. O Escocês, robusto e refinado, afirmou no seu primeiro discurso que o talento na governação, o mérito e a revitalização da “British way of life” (salvar o SNS, investir na educação) seriam as suas grandes preocupações. Também hoje, Blair foi nomeado o Representante do Quarteto das Nações Unidas no médio oriente. Os críticos desta decisão afirmam que Blair, por ter enveredado pela trágica guerra do Iraque, tem a sua credibilidade irremediavelmente comprometida. Não acreditam que Blair consiga ser imparcial e corroboram esta crença com o passado recente do ex PM Britânico. Os que o apoiam citam o seu imenso e eficaz carisma, a sua inabalável diligência e as suas boas relações com todas as elites intelectuais e políticas do médio oriente. Além disso, mencionam também o seu grande sucesso: o processo de paz na Irlanda do Norte. Temos, portanto, que considerar a relação de uma interpretação histórica politizada (desfavorável) com o talento comunicativo. O carisma é habitualmente tratado como uma mera percepção. Todavia, na política, como em vários outros domínios, o carisma nunca é uma mera percepção. É muito mais do que isto: integra vozes dissonantes em diálogo porque restitui à política um dos seus elementos primordiais, a sedução. A sedução inerente ao carisma promove a integração comunicativa de diferenças. Blair é um sedutor nato. O carisma não resolve os problemas, mas pode ser um ímpeto vital para ressuscitar os processos comunicativos que são a infra-estrutura elementar de qualquer negociação política. Como é sabido, Blair é um mestre no que diz respeito à transformação do carisma em motivação política. Ou seja, conhece e pratica esplendidamente a difícil e imponderável arte de converter percepção em causa e acção. O seu sucesso ou insucesso dependerá das condições sistémicas.
27 junho, 2007
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