nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Mário Cesariny - 1923 - 2006
8 comentários:
Temos poeta?
Neste blogue?!
Há sempre espaço para boas surpresas.
Não é o Kzar q é poeta (talvez por preguiça), é mesmo o Mário
Zé Dias da Silva, caríssimo, obrigado pelo melhor elogio em muito tempo! Não tenho palavras para exprimir o que sinto por alguem ter pensado que a "Pastelaria" era da minha lavra. Era bem bom...
Tá certo, o autor era um gajo a dar pró comuna furioso, mas pronto, era bom potea, quase se lhe perdoa a comunice.
Em todo o caso, muito obrigado. Volte sempre.
Só não percebo, ó caro Zé Dias da Silva, a razão pela qual é de espantar a existência de um poeta "neste blogue". Pode explicar melhor, por favor?
Um Senhor fascinante ! Vi um doc sobre ele na 2 há bastante tempo. Era comuna mas era coerente (honesto, autentico) e foi acima de tudo um experimentalista e um individualista convicto (tanto quanto percebi).
Grande postal Kzar! :)
Cumprimentos, VA
Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Até mais.
ai ai ai ai, então agora temos o Kzar a perdoar a comunice a um gajo só porque escreve uns poemazitos? Uma mariquice de uma poemada qualquer que só falta meter pastéis de nata serve para branquear a comunice? Ainda por cima pedófilo? Mas tá tudo doido aí no arquipélago, o último reduto da decência e dos bons costumes? Mau...
É assim, s., um gajo começa a amolecer e pronto... até a comunice se perdoa, coisa de facto injustificável. Peço perdão e prometo não repetir a graça.
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