O Bloco de Esquerda continua, imparável, na senda da relativização do casamento: seja pela via de infiltração (dos casamentos homossexuais), seja, como agora propõe, pela via da precarização (o chamado divórcio "a pedido”). Propõe, se bem entendo, que o contrato de casamento se reduza a uma espécie de rapidinha (e à canzana). Li algures que Fernando Rosas terá dito que a solução se justificava porque às vezes o casamento não passava de um “erro de casting”. Eu, ignaro e confundido, reflecti que isso também sucede, não raro, nos contratos de arrendamento urbano, nos contratos de trabalho e em muitos outros. E por isso estranhei que a proposta não se destinasse, também, àquelas espécies contratuais. O senhorio, interpretando como um erro de casting (compreensivelmente, aliás) dar de arrendamento a sua casa a um tipo do BE, punha-o na rua sem delongas e maçadas judiciais; o empregador, tendo empregado um calaceiro do BE, apercebendo-se que o homem, ao invés de trabalhar, passava o dia a distribuir panfletos, despedia-o sem mais considerações, nomeadamente, a necessária nota de culpa (se imputável fosse). Isto, de facto, seria brilhante – ou, ao menos, coerente. Mas só depois (cabeça a minha!) me lembrei que se tratava da malta do bloco, rapaziada que, não obstante insignificante, tem um projecto miudamente definido para todos nós e que passa, entre outras coisas, por ser libertário onde as regras mais importam (casamento, aborto, adopção por gays, etc.) e intervencionista onde as regras menos deviam importar (emprego, por exemplo). Em todo o caso é uma malta curiosa.
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7 comentários:
Sim, uma malta curiosa, e nunca uma curiosa malta, coisa esta última que desborda largamente das capacidades do típico cidadão que se deixa afectar do blocoesquerdismo. Até o camarada Vladimir Ilich Ulianov já dizia: "o esquerdismo, doença infantil do comunismo". Ou seja, essa malta curiosa é a doença de uma das mais perniciosas doenças - e nem por isso é boa, demonstrando-se assim que nestas coisas a lógica formal vale pouco.
Kzar
LOL
Olha que esta fotografia do Louçã foi muito bem tirada. Mas nunca o vi sorrir assim. É um kodak moment! Deve ter sido Man Ray.
São umas aves raras que se rarificam sem qualquer ajuda. Estão todos embrenhados naquela discussão (substantiva) do problema transfusicisiocional. Como diz um amigo nosso, que deve andar por aí... a montanha pariu um ratinho...perneta!
Boa Tortor. Estava mesmo a precisar de uma gargalhada...seria giro...despedir um bloquista! eh ehe eh eh e he h
Sinceramente, a contratação dos Sr. Rosas & Anacleto foi realmente um colossal erro de casting !
O contrato de trabalho deles na assembleia devia ser rasgado sem mais delongas !
Qual quê, caro infidel? Rasgar o contrato do Sr. Rosas no parlamento? E depois? De quem é que nos ríamos?
É nestas coisas que fica à mostra como é verdadeira a afirmação de que os extremos se tocam. Se bem que o casamento não deva estar à mercê dos humores de qualquer Vale e Azevedo, especialista em rasganços; também não será caso de obrigar o corno a estar casado pelo menos 3 anos, apenas porque o outro teima nas «virtudes públicas». E não é preciso chamar à colação esses outros contratos não versados em matéria da cornadura e outros «vícios privados», porque isso não será mais que névoa, tão densa quanto as veras convicções dos bloquistas.
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Artolas Olho-vivo
Quanto ao excesso dos 3 anos estamos de acordo, ó Artolas.
Realmente, que raio de país ou de tempos estes, em que só os homossexuais é que querem casar e que o vínculo de um puto de 12 anos ao Recreativo Futebol clube de Azinhais do Caralho vale mais do que um contrato de casamento!
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