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Andando este blogue mais morto que vivo (os escribas trabalham...), tinha pensado em escrever qualquer coisita, decisão facilitada pela circunstância de esse sinistro personagem que dá pelo nome de Catalina Pestana se ter posto mesmo a jeito, intrépida, com um súbito e significativo agravamento dos dislates que
continuadamente gera. Porém, acontecimentos de última hora, ocorridos no fim-de-semana, reforçando-me embora o propósito de escrever umas linhas, desviaram-me do alvo. Há coisas de longe mais importantes do que a Catalina Pestana e a fauna subaquática (qualquer dos seus espécimes) é uma delas.
First things first e, vai daí, lanço agora a primeira resposta ao ataque do Tortor, notando que não foi preciso recorrer ao arquivo fotográfico.
Dia 14 de Outubro de 2007; algures defronte da povoação de Água d'Alto, a cerca de 300 m da costa; 12.00 h; já com algumas garoupas (Serranaus atricauda) e lírios (Seriola dumeriili) no activo, este vosso Kzar voga em mar chão, arma em estado de prontidão e olhar pregado na profundeza, a cerca de 15 m; o dia é de rara visibilidade, distinguem-se as pedrinhas todas do fundo e eis que lá bem em baixo um bicho de porte avantajado se faz notar com movimento coleante e súbito; uma precipitada inspiração, um mergulho vertical e o olhar fixo no alvo; a meio caminho está identificada cabalmente a presa, a qual, já inquieta, começa a contornar uma rocha de dimensão apreciável; calmo, o caçador muda de direcção, abordando o mesmo penedo pelo lado oposto; chegado ao fundo pára, aponta para o nada seguinte à rocha e aguarda; obra de alguns segundos e o belo exemplar de Bodianus scrofa (viola ou peixe-cão, para os amigos) acima representado mostra-se, rutilante, em reverberações de verde, amarelo e vermelho (fora de água só esta última cor se revela); tendo considerado este vosso Kzar, com olho vivo, o animalejo ainda esboçou a fuga, mas o arpão foi mais rápido a trespassá-lo pelas guelras - precisão absoluta que os escassos dois ou três metros impunham; uma nuvem de sangue na água, dois ou três puxões fortes mas breves e o bicho já estava a vir para cima, de arrasto; na caixa do barco ainda espadanou dez minutitos e a seguir finou-se. Cerca de 4,5 a 5 quilos de peixe num só bicho (os outros não têm história que se conte, mas por junto a manhã de faina rendeu cerca de doze quilos de pescado), o qual agora que reparo nisso até é parecido com a Catalina Pestana e tem a vantagem de não falar - Deus escreve direito por linhas tortas.