Cícero, denunciando Catilina no Senado

Cícero, denunciando Catilina no Senado

31 outubro, 2007

Coisas sérias


Mas grave, mesmo grave, é o facto de o Dragão não lançar qualquer labareda há já duas semanas.

O "1884"

Acabei de ouvir esta tirada erudita do Presidente do Conselho Superio da Magistratura numa audição paralamentar sobre a questão da escutaria:

"As escutas vieram para ficar. Já estavam previstas em 1884 ... do Orwell".

30 outubro, 2007

Uma mente brilhante



A Sr.ª Maria de Lurdes Rodrigues, deseducada ministra da deseducação deste país, a tal que diz que as sentenças dos tribunais dos Açores não valem “em Portugal”, propõe agora, em nome de uma "escola inclusiva", a medida que porá um fim peremptório ao absentismo escolar: substitui-se o absentismo por provas de recuperação! O menino falta uma vez, duas vezes, três vezes, falta sempre? Está tramado! A Sr.ª Rodrigues não o declara chumbado! Isso é o que ele queria! É preciso fazê-lo sofrer! Para isso, a Sr.ª. ministra prodigaliza-lhe uma e até duas “provas de recuperação”! Não se sabe ainda muito bem (diz que depende de regulamentação) o que sucederá se o relapso chumbar as duas provas de recuperação, é dizer, se for um "irrecuperável" (que é sempre menos estigmatizante e mais inclusivo do que ser um faltoso contumaz). Mas é bem possível que agora os alunos deixem de estar “tapados por faltas” e passem a estar “tapados por provas”.
A inteligência fulgurante desta dona de casa feita ministra deixa-me desorientado.

A ponta da vigarice


Ricardo Rodrigues assume-se como «pai afectivo» do acrescento ao nº 3 do artigo 30.º do Código Penal, mas endossa a «paternidade biológica» para Rui Pereira (hoje em «O Diabo»).
Aqui o Pilobolus intuiu desde a 1ª hora que ali havia mão deste deputado açoriano. Esse acrescento espúrio não tem consequências efectivas, todavia a intenção do ignaro acrescentador era que tivesse. E é aqui que mora a gravidade do assunto. Infelizmente a complexidade da matéria impede que tamanha mafiosice seja entendível pelo comum dos cidadãos. Mas confiemos que há mais marés que marinheiros.

28 outubro, 2007

Referendo ao Tratado de Lisboa



Em contra-ciclo, numa altura em que o «pensamento único» vem martelando nas consciências a desnecessidade de legitimação democrática do Tratado Reformador da Europa, o deputado Mota Amaral vem mostrar que a política também pode ser uma coisa séria e avança com uma proposta de referendo do Tratado de Lisboa, no mesmo dia, em todos os 27 Estados da União Europeia.
O problema é delicado porque tem associados riscos muito sérios (basta relembrar o que se passou com a «Constituição Europeia»). Mas a democracia não pode ser uma coisa boa apenas quando convém. E os políticos não podem continuar eternamente a construir a Europa nas costas dos povos, porque o fosso que se vai cavando terá um preço a prazo. É certo que para quem tenha visão curta ou a quem a vaidade tolha a razão isso não é muito relevante. Mas não se deve reduzir uma ideia generosa e um seguro de paz e de progresso da Europa ao prestígio pessoal deste ou daquele político ou mesmo deste ou daquele país. A legitimação deste Tratado, através de uma consulta directa aos cidadãos, recoloca a democracia no centro da construção europeia. E isso só pode ser um bem.
A ideia do deputado açoriano tem, pois, pernas para andar. Esperemos para ver se consegue mobilizar a opinião pública europeia, já que dos cozinhadores do tratado só há que esperar a tentativa da sua neutralização.

23 outubro, 2007

A esquerda europeia e Freud

A esquerda polida e civilizada da Europa, com o seu eduquês, o seu politicamente correcto e a sua abrangência, é a primeira a querer dar cabo do valor da civilização ocidental.
Os descobrimentos? A avidez dos reis contra os povos pobres e pacíficos de África.
A Igreja? Uma super-estrutura responsável por todos os males e por todos os crimes.
A 2.ª GG? Um morticínio levado a cabo por europeus e americanos.
Daqui a partir para a afirmação da superioridade intelectual e cultural (só esta é que conta) das outras civilizações é um passo.
Mas o que se passa é que o nosso património comum é, todo ele, de contar, ou seja, temos sempre de incluir o passivo tal como o activo. A esquerda pedante não quer assumir esse passivo e daí que esteja sempre a trazê-lo à colação como se fosse uma coisa que não é também seu pecúlio, que não é também da sua responsabilidade.
Enfim, concluo que a esquerda europeia não sublimou o seu complexo de Édipo: está sempre a matar o pai!

22 outubro, 2007

O senhor professor



Boaventura Sousa Santos e o «seu» Centro de Estudos Sociais lá deitaram a mão, sem concurso (para quê?), a mais uma benesse do Estado. Pois é. Alcandorado desde há mais de vinte anos em oráculo da justiça pelo «bloco central de interesses», BSS vai desta feita «monitorar» a aplicação prática das recentes alterações aos códigos penal e de processo penal. A seu tempo lá botará sentença, pejada da habitual torrente de disparates, mas com uma carimbadela final onde se chancela: «cientificamente provado». Concomitantemente lá seguirá a facturazita para o Ministério da Justiça. E assim o contribuinte assegurará a manutenção deste Alto Centro de Investigação coimbrão, tão necessário à «reforma da justiça»! Amen.

15 outubro, 2007

Contra ataque 1

Andando este blogue mais morto que vivo (os escribas trabalham...), tinha pensado em escrever qualquer coisita, decisão facilitada pela circunstância de esse sinistro personagem que dá pelo nome de Catalina Pestana se ter posto mesmo a jeito, intrépida, com um súbito e significativo agravamento dos dislates que continuadamente gera. Porém, acontecimentos de última hora, ocorridos no fim-de-semana, reforçando-me embora o propósito de escrever umas linhas, desviaram-me do alvo. Há coisas de longe mais importantes do que a Catalina Pestana e a fauna subaquática (qualquer dos seus espécimes) é uma delas. First things first e, vai daí, lanço agora a primeira resposta ao ataque do Tortor, notando que não foi preciso recorrer ao arquivo fotográfico.

Dia 14 de Outubro de 2007; algures defronte da povoação de Água d'Alto, a cerca de 300 m da costa; 12.00 h; já com algumas garoupas (Serranaus atricauda) e lírios (Seriola dumeriili) no activo, este vosso Kzar voga em mar chão, arma em estado de prontidão e olhar pregado na profundeza, a cerca de 15 m; o dia é de rara visibilidade, distinguem-se as pedrinhas todas do fundo e eis que lá bem em baixo um bicho de porte avantajado se faz notar com movimento coleante e súbito; uma precipitada inspiração, um mergulho vertical e o olhar fixo no alvo; a meio caminho está identificada cabalmente a presa, a qual, já inquieta, começa a contornar uma rocha de dimensão apreciável; calmo, o caçador muda de direcção, abordando o mesmo penedo pelo lado oposto; chegado ao fundo pára, aponta para o nada seguinte à rocha e aguarda; obra de alguns segundos e o belo exemplar de Bodianus scrofa (viola ou peixe-cão, para os amigos) acima representado mostra-se, rutilante, em reverberações de verde, amarelo e vermelho (fora de água só esta última cor se revela); tendo considerado este vosso Kzar, com olho vivo, o animalejo ainda esboçou a fuga, mas o arpão foi mais rápido a trespassá-lo pelas guelras - precisão absoluta que os escassos dois ou três metros impunham; uma nuvem de sangue na água, dois ou três puxões fortes mas breves e o bicho já estava a vir para cima, de arrasto; na caixa do barco ainda espadanou dez minutitos e a seguir finou-se. Cerca de 4,5 a 5 quilos de peixe num só bicho (os outros não têm história que se conte, mas por junto a manhã de faina rendeu cerca de doze quilos de pescado), o qual agora que reparo nisso até é parecido com a Catalina Pestana e tem a vantagem de não falar - Deus escreve direito por linhas tortas.