Cícero, denunciando Catilina no Senado

Cícero, denunciando Catilina no Senado

19 dezembro, 2007

Terrorismo...

Isto é que é terrorismo, acho eu, e parece que aconteceu num posto da PJ no Algarve. Bem escusavam de ir ao Porto prender terroristas quando já os têm na esquadra...

Terrorismo, nem mais. Depois de larga temporada em que deixaram uma horda de facínoras campear pelas zonas de diversão nocturna da Invicta, as autoridades policiais e o MP tomaram-se de brios, acicatados como de costume pela gritaria mediática e vai daí trataram de fazer alguma coisa - e quando digo alguma coisa, é mesmo qualquer coisa, não importa o quê.

A um certo nível, os comportamentos sociais das pessoas são como os de outros quaisquer animais: se um território está vago, uma matilha ocupa-o fácil e naturalmente. Neste particular, o porteiro de discoteca é muito representativo. Uma espécie de hiena. Caso não haja leões bastantes, toma conta da savana. E foi isso o que se passou nas xicotecas e cabarés do Porto. A míngua de bófia que vigie e ponha cobro a desmandos, ou preferencialmente os desmotive, levou a que uma tropa de gangsters matulões andasse por ali como cães por vinha vindimada. Fizeram o que queriam por longo tempo e, quando a guerrinha dos territórios de extorsão e outras malfeitorias lucrativas aqueceu, começaram a limpar-se uns aos outros, à força de bala.

Pela minha parte, acho muito bem. A espécie dos porteiros de xicoteca, mais ou menos mafiosos, só me implica com os nervos quando começa a malhar em clientes, bêbados ou não, o que aliás é frequente e sucede com relativa impunidade. Já quando largam a matar-se uns aos outros, e aos proprietários que lhes pagam, não consigo impedir-me de sentir uma certa satisfação higiénica. Porém, concedo em que isso não fica bem nem é coisa que deva admitir-se num país proto-civilizado como o nosso, razão pela qual estimo ser legítimo que a boa burguesia se indigne e a imprensa exija "medidas".

Pois foi o que as autoridades deram: medidas. Num Domingo pela manhã, a PJ foi a correr prender uns malandros e fazer-lhes buscas nos domicílios, obviamente acompanhada pelas televisões, que filmaram tudo. Devem ter sido os advogados dos malandros que violaram o segredo de justiça... Na terça-feira seguinte (dá a ideia de que às Segundas a PJ não trabalha - ou que esteve à espera da nova starlette do MP vinda da capital...), os indigitados meliantes lá foram apresentados a juiz, como cumpre. Crimes imputados: sortidos, como habitualmente, mas entre eles lá vinha o de terrorismo. À falta de membros da Al Qaeda a que deitem a mão, a PJ e o MP fazem up grade a uns gangsters da Invicta e mostram que também entraram na modernidade do "combate global".

A juiz, malandra, é que não quis saber de modernices. Dos onze presuntivos bandidos que lhe mostraram, após falar com eles e com respectivos advogados e examinar as provas que a existirem lhe terão de ter sido apresentadas, tudo como cumpre, pôs logo sete cá para fora, com o simples e obrigatório TIR, o que logo sugere que ou não viu prova de coisa nenhuma quanto a esses tipos, ou lá achou que não ofereciam perigo de actividade criminosa, nem de atrapalharem a investigação e nem ainda de se porem a milhas. Fracos "terroristas" estes. Os restantes, talvez mais assustadores, ficaram em prisão preventiva, mas de terrorismo entretanto deixou de falar-se.

O que já parece não haver meio de calar é a sarilhada da PJ que faz o que quer ("agiu" à pressa e antes que o procurador mor, da Capital, mandasse a tal starlette e mais comandita), sem a mais ténue réstia de aparência de que o MP ainda a controle; das baronesas, marqueses e duques do MP que desataram à lambada por terem sido preteridos no lançamento para o estrelato; enfim, do procurador mor que entendeu necessário enviar uma procuradora sua núncia de Lisboa ao Porto sem que se perceba se nesta última cidade não os há (procuradores) em condições.

Portugal é assim e com efeito é um terror. Vou espairecer pelo Natal e só volto no começo de Janeiro.

16 dezembro, 2007

Enigma, ou a tal rúbrica orçamental

Diz a revista Visão, de 13/12/2007, que o Ministério da Educação acaba de contratar João Pedroso, irmão do ex-deputado Paulo Pedroso (aquele que como arguido do caso Casa Pia, depois de sair da cadeia por suspeita de crimes de abuso sexual de crianças, foi recebido em apoteose na Assembleia da República) para, a troco de uns singelos 20 000,00 € por mês, fazer um trabalho de levantamento e compilação da legislação produzida pelo Ministério da Educação. Até parece que o dito Ministério não tem umas centenas de juristas capazes, cada um deles, de fazer o mesmo trabalho a custo zero! Se assim é (o que parece indesmentível), o que justificará esta contratação?



07 dezembro, 2007

Liberais, procuram-se!

O liberalismo tem várias tendências, é certo. As correntes teóricas do liberalismo parecem não inspirar as correntes políticas "liberais" que conquistaram proeminência no nosso país. A confluência entre as duas correntes escasseia, não existe uma complementaridade salutar entre a elaboração teórica e o debate público. Sempre que ouço falar em liberais portugueses fico com a sensação de que estes nossos compatriotas: 1) desconhecem por completo as correntes do liberalismo ou 2) usam-nas como camuflagens de um conservadorismo enfadonho. Refiro-me, evidentemente, aos debates que têm agitado a blogosfera portuguesa aqui e aqui.
Qualificação: alguns, a meu ver, conhecem o liberalismo contemporâneo. A maioria, contudo, não conhece.

06 dezembro, 2007

Una victória de mierda...



O Sr. Chavez soma e segue. Quando vejo a criatura na televisão não consigo deixar de me lembrar, sempre, das aventuras do Tintin. Todas aquelas em que intervêm o Coronel Tapioca e o General Alcazar e em particular o excelente "Tintin e os Pícaros", com as aventuras do jovem repórter, do Capitão Haddock e do Milu em Las Dopicos (penso que é assim). Só que com menos piada, claro, que aquilo é a sério.

Quem gosta ainda mais do que eu é o camarada Boaventura. BSS não perde uma oportunidade de meter a pata na poça e recentemente lá veio em defesa do porcino "Napoleão" tropical. O dislate pós-moderno em paragens sul americanas é a especialidade do nosso intrépido professor nas horas vagas e estrela habitual do folclórico "fórum" de Porto Alegre. O homem não descuida o seu mercado e recentemente lá veio em defesa do labrego psicopata da Venezuela e seus delírios socialistóides, contra esse malandro fascista-imperialista-capitalista do Rei de Espanha; Sua Majestade desagradou ao BSS. Estou à espera de ver como se porta agora este ser, mas desconfio que não haverá surpresas.

05 dezembro, 2007

Continhas 2

O Sr. Costa agora quer um empréstimo de 500 milhões para a câmara de Lisboa. Os Srs. do PSD, que antes parece que também queriam, agora dizem que não o deixam pedir tanto; "só" autorizam 400 milhões, pois são gente que não vai em desmandos despesistas. O Sr. Costa diz que assim não brinca, coisa e tal, mas lá acabará por pedir emprestados 400 milhões, ou o que os outros deixarem e se calhar a coisa acaba em todos pedirem é 600 milhões. Tudo a bem da Nação, digo, da cidade, pois claro, que os Srs. lisboetas é que sofrem muito se o empréstimo não for pedido, e os Srs. lisboetas é que não podem sofrer coisa nenhuma.

Um cidadão vê e ouve estas coisas e fica estarrecido. Sempre que pensa que o país bateu no fundo, esta tropa de políticos aldrabões bate novos recordes de baixeza. Então a câmara está muito endividadazita, coitadinha, e vai daí pede-se mais uma pipa de massa emprestada?! Então o governo que o Sr. Costa ainda há pouco integrava, em lugar preponderante, não é o mesmo que andou a impedir uma série de munícipios de se endividarem mais? Não é o mesmo que se gabou de fechar a torneira ao grande malandro da Madeira? Não é o que nos diz que os impostos têm de aumentar e os salários ser congelados, ou quando muito levarem agora aumentos inferiores à inflação? Não é o mesmo que fecha escolas, maternidades e centros de saúde por esse país fora, em nome da contenção da despesa?

E onde estão agora esses senhores do governo? Porque não vemos e ouvimos o Sr. Pinto de Sousa e o seu acólito das finanças a rasgarem as vestes e a gritarem contra o despautério? Está tudo maluco? O povo não se revolta contra semelhante roubo? A "opinião pública", isto é, a matilha servil da imprensa, não vocifera coisíssima nenhuma contra isto? Niguém pergunta quantas décimas de deficit são 400 ou 500 milhões de óros?

A câmara está com dívidas até ao pescoço? Pois quem as constituiu foram os senhores em quem os lisboetas há anos e anos votam, alternadamente - os Srs. lisboetas, portanto, são quem tem a culpa última. O Munícipio tem património penhorável (e muito); os credores que lho penhorem. Se se esgotar e ainda houver dívida por pagar, o Estado que intervenha - e a seita de bandidos que tem andado pela câmara que seja ao menos politicamente responsável pelo que suceder.

Pedirem-se empréstimos de centenas de milhões é coisa que gera vómitos incontidos em qualquer pessoa de bem. Mas estas são cada vez menos e os senhores da quadrilha que temos por governo garantidamente não integram esse escasso lote.

E já agora, o que acham de tudo isto os Srs. do "bloco" e em especial o camarada Sá Fernandes? Gastaram a "pica" toda a atrapalhar a construção do túnel? Ou, mais prosaicamente, também lhes vai cheirar algum e não querem muito aperto na câmara onde agora também metem boys dos seus? Portugal está a acabar, é o que vos digo...

Peixinhos

Dia 01/12/2007. Algures a Sul da ilha de São Miguel. Dois pescadores, três quartos de hora de pesca. Os lírios têm entre 1,5 kg e 3,5 kg. Duas garoupas juntaram-se à festa, a maior com 0,75 kg. A técnica foi a da zagaia. Por desgraça nesse dia não fui com os artistas. Deu-me para ir mergulhar, a água estava turvíssima e não cacei nada de jeito. Fiquei-me a roer de inveja, mas para a semana vingo-me.

04 dezembro, 2007

O que ando a ler

Costumam os bloguistas escrever sobre os livros que estão a ler, o que já aconteceu, para não perdermos o carrinho, neste estaminé.
Por vezes é feito para dar a conhecer quem escreve no blogue, quais as suas amizades e inimizades, quais os seus interesse e os seus desamores.
Mas geralmente é feito por vaidade, por vontade de mostrar ou de dar a entender a sua inteligência e a sua cultura.
Ora, eu, que não devo nada nem a uma nem a outra (sou homem para nunca ficar a dever), também não resisto. Assim, e sem mais explicações, vou-vos dizer o que ando a ler.

Esta pequena biografia do Che qualquer coisa (agora esqueço-me do nome), de Jon Lee Anderson; pequena, enfim (800 páginas). Estou a gostar quanto mais não seja porque estou a conhecer assuntos que só vagamente e parcialmente conhecia. Tem alguns retratos dos barbudos, inclusive do biografado morto. Não gostando do ideal do Che e do ..., do outro (qual é o nome dele?), tenho de admitir que é duro um tipo ser assassinado e, depois, mostrado como prova da vitória. Isto passa-se todos os anos, em todos os regimes.





Outro livro é este sobre a história do snooker e do pool em geral.
Embora não seja estupidamente antigo, este jogo é bem velho, embora, claro, bem diferente do que hoje se joga. Terá começado, pelo menos, desde finais do séc. XVI (já com o nome billiards) e de então para cá tem vindo a conquistar. É um jogo (qualquer das suas modalidades) sereno, com apostadores mas sem hooligans, os árbitros são acatados (!) e, mesmo que verde, jogam por cima de um pano e não de uma relva mal amanhada.
Entre as diversas modalidades, destaco o snooker inglês. É um jogo de bastante habilidade, de paciência até se construir uma jogada boa e de um grau de dificuldade (até por causa das penalidades) bastante elevado.
Mas este é livro para se ir lendo e para ir vendo as fotografias.

Já que estou a ler o Che, estou a ler paralelamente a bigrafia do Fidel Castro (é este o nome que me faltava há pedaço!) de Tad Szulc. São 600 e tal páginas mas com um tipo de letra bem pequeno o que me atormenta a vista e me obriga a ler com muito mais atenção. Eles eram um para o outro e eu não sou para nenhum. Mas se um livro existe é para ser lido.
Enquanto o livro sobre o Che me dá uma imagem da sua vida até conhecer, no México, Fidel, este dá-me a imagem de Cuba ao longo da vida do biografado. Não me faz mal ficar a saber estas coisas.
Como disse, se um livro existe é para ser lido.

Por último, e para não maçar, estou a ler este livro que é daqueles que não é preciso ler de uma vez só e da primeira página até à última. Leio quando bem quero e o que quero.
É, talvez, dos livros mais completos que já li sobre os Beatles (e já li para cima de uns quantos). Mais do que uma biografia dos Beatles (como a de Allan Kozinn ou mesmo a de Hunter Davies), é um conjunto de depoimentos de pessoas que os conheceram de perto em certa altura das suas vidas. Contam coisas conhecidas e coisas curiosas ou emocionadas pela amizade. Astrid Kirchherr escreve no livro, por exemplo; fiquei a saber que existe um disco dos Beatles em que está lá fotografado um que não é Beatle (não! não é o Sgt. Pepper!), etc..

Enfim; não falo dos livros do meu trabalho porque são muitos chatos (muitas fotografias e desenhos e diagramas e essas coisas todas).
Já repararam que todos estes livros são em inglês?
Não sou inteligente nem culto mas sei ler inglês! Ou pensavam que não?