Cícero, denunciando Catilina no Senado

Cícero, denunciando Catilina no Senado

29 junho, 2007

A vida nos Açores

Quinta-feira, dia 28 de Junho de 2007. Saído do trabalho mais cedo (cerca das 16.30 h), larguei a mata cavalos para a marina. Pelas 17.15 h, e de acordo com o que horas antes deixara planificado, estava a zarpar para o mar com um camarada pescador, na embarcação dele (as melhores embarcações do mundo são as dos amigos). Regressámos a terra pelas 21.15 h, depois de cumprido o melhor possível o genocídio piscícola. Três bicudas (yellowmouth barracuda - Sphiraena viridensis para os mais espertos), de pouca corpulência, duas garoupas (blacktail grouper - Serranus atricauda para os inteligentes), de apreciável dimensão e, suprema felicidade, uma serra (atlantic bonito, ou Sarda sarda, para os doutores), de nada menos do que três quilos. Falando deste último amigo, importa recordar os distraídos de que se trata de uma espécie de tunídeo, bicheza afamada entre os seres marinhos pela força que obstinadamente opõe ao pescador. No caso, só o primeiro esticão na linha levou bem uns vinte metros. Seguiram-se cinco minutos de prazer peixicida, com este vosso Kzar gradualmente a travar a embraiagem e a enrolar a linha e o animalejo a dar sacões repetidos, recuperando-a diversas vezes. Pouco a pouco, cansado enfim, lá se chegou o ser à embarcação e o camarada expedicionário, prestável, meteu-o para dentro com certeiro golpe de gancho. Mais de duas horas depois, ao espetar-lhe a faca pelo bucho, a fim de o preparar para congelação, o animal ainda tremelicava. Na semana que vem hei-de assá-lo no forno. Vantagens de viver em Ponta Delgada.

11 comentários:

Anónimo disse...

Quero casar com esses peixes todos (independentemente do sexo), ir viver com eles para os Açores e ser feliz para sempre.
Maldito Kzar, sempre na pirraça...

Anónimo disse...

Prefiro ver as alimárias no prato antes de as deglutir com o santo e abençoado vinho de Nosso Senhor.
Torquemada Suave

Anónimo disse...

Quem ler o Kzar fica com idéia que nesta ilha é só folia.

Anónimo disse...

Credo, abrenúncio! É evidente que não é só folia (antes fosse), mas um tipo não há-de escrever só sobre desgraças.

Quando toca a escrever sobre o que dá gozo e se pode fazer nesta ilha, cá por mim falo de peixes - também podia falar de gajas, que na minha escala de interesses vêm logo à frente dos peixes e, mais do que isso, não as havendo aqui tanto como há destes, sempre dão para manter a actividade - mas aí, isto é, se falasse mais disso, de gajame, a Kzarina ficava desconfiada e sabe-se lá do que era capaz, que as mulheres são mais imprevisíveis que o peixes...

Anónimo disse...

O tunídeo no forno é a comida dos góticos?

Anónimo disse...

Já cá faltava este dos góticos! Mau Maria...

Anónimo disse...

Que vergonha de pesca!

Anónimo disse...

Pelo que tenho ouvido dizer (más línguas, seguramente), os Serras dos Açores andam "meio doentes"...
Vexa cometeu, pois então, um acto de verdadeira eutanásia.

Anónimo disse...

Raios partam! Ainda emigro prós Açores.

Dragão

Anónimo disse...

Ksar,

Seria indispensável esse detalhado relato - feito com manifesto orgulho - da demorada e certamente penosa morte imposta aos desgraçados bichos; um deles, parece, ainda em lenta agonia horas depois de pescado (facto que parece provocar um mal disfarçado gozo de elaborado sadismo)?

São Miguel é linda; viver em Ponta Delgada é privilégio que não tenho e me causa pecaminosa inveja; comer peixe é coisa por vezes agradável (certo, confesso não ser grande apreciador; o que receio me coloque por entre os mais desprezíveis seres). Mas há por aí tanta coisa mil vezes mais meritória do que matar lentamente uns animais e não conter a vaidade por isso.

Costa

Anónimo disse...

Caro Costa,

Acaso tem uma melhor sugestão para matar a bicheza, assim de modo a que se os mate sem lhes dar morte? E o prazer de matar não é um prazer? A caça e a pesca são, como disse Ortega y Gasset, umas "férias da humanidade". E, se levadas a efeito com regra e juízo, são bem menos perniciosas de que muitas outras actividades aparentemente menos "bárbaras".
Boas férias e volte sempre.