Não resisti, e ponho aqui, trazido directamente do "Sine Die", um post brilhante, de Eduardo Maia Costa, versando sobre tema que a triste comunicação social que temos pôs na ordem do dia. Reproduzo-o na íntegra e permito-me fazer apenas uma observação ao seu autor: não são ideias fascistas, o que os histéricos da moda propõem; isso era mau que chegasse, mas não é exacto. O que propõem são ideias comunistas, do mais retinto estalinismo, e é bom que se perceba a diferença, porque um dos males destes tempos perigosos em que vivemos é o de nem sempre vermos por onde o inimigo está a atacar; de que lado se está a levantar a Besta. Em todo o caso, aqui vai.
«30 Maio 2007
Caça aos pedófilos
Nos últimos anos a pedofilia foi erigida numa das grandes preocupações nacionais e internacionais e os pedófilos juntaram-se aos terroristas e aos traficantes de drogas como novo contingente de inimigos da humanidade, novos rostos de Satanás, passada que está a guerra fria e os inimigos de então, agora domesticados.A legislação penal endureceu, quer pelo agravamento das penas, quer pelo próprio alargamento do conceito de "criança" (que vai até ao final dos 13 anos), e também das previsões penais, que abrangem a mera detenção de materiais pornográficos, desde que destinados a serem exibidos a crianças. A investigação destes crimes torna-se prioritária (a nova LPC dispõe). E a acção dos tribunais requer-se drástrica, intransigente, impiedosa.Porque, se assim não for, aí está a comunicação social vigilante, nova consciência moral da comunidade, a apontar o dedo em riste aos juízes complacentes, convocando a justa ira popular contra aqueles senhores.O puritanismo latente (ou talvez mesmo patente) nessa campanha, que quer fazer de pré-adolescentes (se não mesmo adolescentes) seres virginais anteriores ao pecado original, é tão bafiento que enoja.Aliás, é absolutamente contraditório com a "pedagogia" negativa que a TV (sobretudo esta) faz sobre as crianças, não só na publicidade, como na programação geral, extremamente agressiva para a sua formação, nomeadamente para a educação sexual (facto tão geralmente reconhecido como escamoteado).Mas há pior: dá-se a voz a comentadores (ir)responsáveis que reclamam exaltados as "penas máximas" (?) para os pedófilos e inclusivamente a castração dos ditos. Ora isto, meus senhores, é, sem tirar nem pôr, a promoção de ideias fascistas. Terão consciência disso? Não sei se será pior a consciência ou a inconsciência...
Publicado por Eduardo Maia Costa»
«30 Maio 2007
Caça aos pedófilos
Nos últimos anos a pedofilia foi erigida numa das grandes preocupações nacionais e internacionais e os pedófilos juntaram-se aos terroristas e aos traficantes de drogas como novo contingente de inimigos da humanidade, novos rostos de Satanás, passada que está a guerra fria e os inimigos de então, agora domesticados.A legislação penal endureceu, quer pelo agravamento das penas, quer pelo próprio alargamento do conceito de "criança" (que vai até ao final dos 13 anos), e também das previsões penais, que abrangem a mera detenção de materiais pornográficos, desde que destinados a serem exibidos a crianças. A investigação destes crimes torna-se prioritária (a nova LPC dispõe). E a acção dos tribunais requer-se drástrica, intransigente, impiedosa.Porque, se assim não for, aí está a comunicação social vigilante, nova consciência moral da comunidade, a apontar o dedo em riste aos juízes complacentes, convocando a justa ira popular contra aqueles senhores.O puritanismo latente (ou talvez mesmo patente) nessa campanha, que quer fazer de pré-adolescentes (se não mesmo adolescentes) seres virginais anteriores ao pecado original, é tão bafiento que enoja.Aliás, é absolutamente contraditório com a "pedagogia" negativa que a TV (sobretudo esta) faz sobre as crianças, não só na publicidade, como na programação geral, extremamente agressiva para a sua formação, nomeadamente para a educação sexual (facto tão geralmente reconhecido como escamoteado).Mas há pior: dá-se a voz a comentadores (ir)responsáveis que reclamam exaltados as "penas máximas" (?) para os pedófilos e inclusivamente a castração dos ditos. Ora isto, meus senhores, é, sem tirar nem pôr, a promoção de ideias fascistas. Terão consciência disso? Não sei se será pior a consciência ou a inconsciência...
Publicado por Eduardo Maia Costa»
E agora acrescento eu: porque não começamos a experimentar tribunais colectivos, sejam da primeira instância sejam do Supremo, compostos por seres como o Filipe La Féria, o psicólogo Eduardo Sá (a presidir) e o prof. Bambo? Ou o Júlio Machado Vaz, o Eusébio e a Sofia Pinto Coelho? Não faltam opinantes mediúnicos e uma vez que nos tribunais não há senão idiotas que não atinam com o que andam a fazer e que criaturas daquelas é que sabem tudo sobre Direito e (especialmente) Justiça, à qual podem aliás aplicar a sua inesgotável sabedoria sobre os assuntos da psico-pedagogia e outros mistérios do oculto, passávamos a ter melhores tribunais, melhores decisões e evitávamos o triste espectáculo de os nossos tribunais, inclusivamente os superiores, serem constantemente enxovalhados a propósito das suas obviamente más decisões, próprias de ogres malignos e ignorantes.
Fora de brincadeiras: alguém se pergunta como é possível que a seita que tem vindo a vozear pelo éter nos últimos dias se atreva a fazê-lo com tão gritante desconhecimento? Que ouse defender barbaridades infames com a arrogância extrema dos profundamente estúpidos e mais ignorantes ainda, e a imprensa lhes dê voz e empreste credibilidade como se fossem oráculos? Concretizando: mas alguém pode defender, sem corar, e por mais argumentos tirados da "piscologia" que lhe apeteça esgrimir, que a pena prevista para certo tipo de abusos sobre menores e cuja moldura vai de três a dez anos de cadeia, deva na necessária concretização ser idêntica para quem os cometa de modo mais ou menos consensual sobre um rapaz de treze anos e para quem os cometa sobre outro de sete? Ou que no primeiro caso deva fixar-se na zona superior da moldura? Ou que seja irrelevante (na medida concreta da pena, repare-se) apreciar o grau de envolvimento da vontade natural própria da vítima?
Quem é esta gente que agora grita e grita sempre que pode? O que a move, além de uma insaciável sede de protagonismo e de influência social, fins a que não hesita em subordinar inteligência, conhecimento, honestidade intelectual e mínimos de decência? Porque confunde com fatal pontualidade o legítimo direito de crítica com o poder de propalar disparates desinformados e desinformantes? Porque julgará que exercer o tal direito de crítica dispensa a mínima capacidade de dominar o tema, e já agora a seriedade? Porque lhes são aceites, sem exigência de esclarecimento, os chavões costumeiros e as habituais proclamações tão tonitruantes como vácuas?
Fora de brincadeiras: alguém se pergunta como é possível que a seita que tem vindo a vozear pelo éter nos últimos dias se atreva a fazê-lo com tão gritante desconhecimento? Que ouse defender barbaridades infames com a arrogância extrema dos profundamente estúpidos e mais ignorantes ainda, e a imprensa lhes dê voz e empreste credibilidade como se fossem oráculos? Concretizando: mas alguém pode defender, sem corar, e por mais argumentos tirados da "piscologia" que lhe apeteça esgrimir, que a pena prevista para certo tipo de abusos sobre menores e cuja moldura vai de três a dez anos de cadeia, deva na necessária concretização ser idêntica para quem os cometa de modo mais ou menos consensual sobre um rapaz de treze anos e para quem os cometa sobre outro de sete? Ou que no primeiro caso deva fixar-se na zona superior da moldura? Ou que seja irrelevante (na medida concreta da pena, repare-se) apreciar o grau de envolvimento da vontade natural própria da vítima?
Quem é esta gente que agora grita e grita sempre que pode? O que a move, além de uma insaciável sede de protagonismo e de influência social, fins a que não hesita em subordinar inteligência, conhecimento, honestidade intelectual e mínimos de decência? Porque confunde com fatal pontualidade o legítimo direito de crítica com o poder de propalar disparates desinformados e desinformantes? Porque julgará que exercer o tal direito de crítica dispensa a mínima capacidade de dominar o tema, e já agora a seriedade? Porque lhes são aceites, sem exigência de esclarecimento, os chavões costumeiros e as habituais proclamações tão tonitruantes como vácuas?