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«Exma. Sr.ª
Secretária-Geral do Ministério da Justiça
Maria do Anjos Maltez
Ministério da Justiça – Secretaria-Geral
Rua do Ouro, n.º 6
1149-019 LISBOA
V. ref.: ofício datado de 10/05/2007
Assunto: Publicação ("Justiça de A a Z – Dois Anos de Governo")
Secretária-Geral do Ministério da Justiça
Maria do Anjos Maltez
Ministério da Justiça – Secretaria-Geral
Rua do Ouro, n.º 6
1149-019 LISBOA
V. ref.: ofício datado de 10/05/2007
Assunto: Publicação ("Justiça de A a Z – Dois Anos de Governo")
Exma. Sr.ª:
Recebi hoje, 29/05/2007, no tribunal em que exerço funções, a publicação referida em epígrafe, gentilmente remetida por Vexa.
A mais da qualidade da impressão, evidenciada em nada menos do que 84 páginas, não pude deixar de notar a tiragem, indicada na ficha técnica e que monta, segundo ela (a ficha), a 1500 exemplares. Não tenho possibilidade alguma de estimar o custo da execução da obra (a mesma ficha técnica dá conta de ter sido efectuada em outsourcing, como agora se diz, cabendo a capa à firma "Alfarroba Amarela – Ideias e Eventos, Ld.ª" e a impressão à firma "Tipografia Peres, SA"). Atrevo-me todavia a supor que não tenha sido gratuita, i.e., oferecida pelas ditas firmas, o que, neste período que atravessamos, de compreensível contenção orçamental, me suscita alguma perplexidade. Estou na verdade convicto de que têm sido constrangidos e mesmo cerceados outros gastos, que alguns, talvez com temeridade, ousarão taxar de mais relevantes.
Depois de lida e relida, não lobriguei na dita publicação relevo significativo para o exercício das minhas funções (falta minha, porventura). Todavia, fortalecido na convicção de que a justiça lusitana está em bom rumo, fiquei com uma dúvida, levantada pelo último parágrafo do prólogo: se o pretendido foi, sobretudo, servir melhor os cidadãos, qual ou quais foram os objectivos que não foram os sobretudo queridos, e cuja existência vem denunciada pelo emprego da referida palavra?
Enfim, sem na publicação ver mais utilidade para a minha modesta pessoa, e com esta inquietação de que aqui dou conta, ouso devolver a Vexa., em perfeito estado de conservação, integralmente a expensas da minha própria fazenda (dano nenhum causando à do Estado) e usando equipamento pessoal até para redacção deste escrito, o exemplar que me coube – o que faço na expectativa de que o mesmo possa ser útil a qualquer outra pessoa, superiormente determinada por Vexa., com o que contribuirei, nesse feliz caso, e de bom grado aliás, para a contenção da despesa e a racionalização dos gastos públicos.
Tomo ainda a liberdade, compreenderá Vexa., de fazer chegar à comunicação social este meu singelo e despretensioso acto, com o que fico esperançado, ao menos, na sua mimetização. E isto, note-se, sem que por um momento tenha sido distraído dos demasiados afazeres que me cumprem e que, passe a imodéstia, venho satisfazendo sem reparo, contra estipêndio assaz magro, já nem falando de me serem taxadas de "privilégios" algumas distinções formais a que por força do cargo tenho ainda direito. Mas enfim, não quero com escusadas lamúrias maçar Vexa., nem muito menos distraí-la dos seus múltiplos afazeres. O assunto é a publicação, e aqui lha devolvo, nos termos e pelas razões que sumariamente alinhavei.
Com os melhores cumprimentos,
Xpto, 29 de Maio de 2007
___________________________
(fulano de tal - Juiz de Direito) »
Recebi hoje, 29/05/2007, no tribunal em que exerço funções, a publicação referida em epígrafe, gentilmente remetida por Vexa.
A mais da qualidade da impressão, evidenciada em nada menos do que 84 páginas, não pude deixar de notar a tiragem, indicada na ficha técnica e que monta, segundo ela (a ficha), a 1500 exemplares. Não tenho possibilidade alguma de estimar o custo da execução da obra (a mesma ficha técnica dá conta de ter sido efectuada em outsourcing, como agora se diz, cabendo a capa à firma "Alfarroba Amarela – Ideias e Eventos, Ld.ª" e a impressão à firma "Tipografia Peres, SA"). Atrevo-me todavia a supor que não tenha sido gratuita, i.e., oferecida pelas ditas firmas, o que, neste período que atravessamos, de compreensível contenção orçamental, me suscita alguma perplexidade. Estou na verdade convicto de que têm sido constrangidos e mesmo cerceados outros gastos, que alguns, talvez com temeridade, ousarão taxar de mais relevantes.
Depois de lida e relida, não lobriguei na dita publicação relevo significativo para o exercício das minhas funções (falta minha, porventura). Todavia, fortalecido na convicção de que a justiça lusitana está em bom rumo, fiquei com uma dúvida, levantada pelo último parágrafo do prólogo: se o pretendido foi, sobretudo, servir melhor os cidadãos, qual ou quais foram os objectivos que não foram os sobretudo queridos, e cuja existência vem denunciada pelo emprego da referida palavra?
Enfim, sem na publicação ver mais utilidade para a minha modesta pessoa, e com esta inquietação de que aqui dou conta, ouso devolver a Vexa., em perfeito estado de conservação, integralmente a expensas da minha própria fazenda (dano nenhum causando à do Estado) e usando equipamento pessoal até para redacção deste escrito, o exemplar que me coube – o que faço na expectativa de que o mesmo possa ser útil a qualquer outra pessoa, superiormente determinada por Vexa., com o que contribuirei, nesse feliz caso, e de bom grado aliás, para a contenção da despesa e a racionalização dos gastos públicos.
Tomo ainda a liberdade, compreenderá Vexa., de fazer chegar à comunicação social este meu singelo e despretensioso acto, com o que fico esperançado, ao menos, na sua mimetização. E isto, note-se, sem que por um momento tenha sido distraído dos demasiados afazeres que me cumprem e que, passe a imodéstia, venho satisfazendo sem reparo, contra estipêndio assaz magro, já nem falando de me serem taxadas de "privilégios" algumas distinções formais a que por força do cargo tenho ainda direito. Mas enfim, não quero com escusadas lamúrias maçar Vexa., nem muito menos distraí-la dos seus múltiplos afazeres. O assunto é a publicação, e aqui lha devolvo, nos termos e pelas razões que sumariamente alinhavei.
Com os melhores cumprimentos,
Xpto, 29 de Maio de 2007
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(fulano de tal - Juiz de Direito) »
Lá que é bem visto, isso é...
4 comentários:
Esta resposta foi feita pelo Sr.Juiz ou pelos assessores profissionais (LPM) da ASSOCIÇÃO dos ditos?
Isto é tudo uma grnade fantochada!
O que é que é fantochada? A resposta do juiz ou o dinheiro dos contribuintes gasto em pura e simples, reles e infecta propaganda governamental? Podia explicar um pouco melho, ó anónimo?
Fiz acompanhar a devolução ao remetente do exemplar que me coube, com o seguinte texto: «Na minha qualidade de juiz não sou destinatário de quaisquer documentos de propaganda do Governo. Devolva-se ao remetente.»
É bom que os senhores saibam que o dono da dita cuja Alfarroba Amarela é filho de um distinto médico da fina flor do nosso país. Naturalmente que a encomenda à dita empresa se deve apenas à excelente qualidade da mesma. Meninos bem a brincarem aos empresários, com o dinheiro do povinho!!!!
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