Cícero, denunciando Catilina no Senado

Cícero, denunciando Catilina no Senado

03 maio, 2007

Vitalidades


O Prof. Vital num seu post do Dia do Trabalhador pede “um pouco (só um pouco) mais de seriedade” (interpolação minha). Com coisas sérias não se brinca. A razão para a indignação prende-se com o facto de o DN ter noticiado que, como modo de comemorar os 100 anos da República (como se a coisa merecesse comemoração), a Comissão de Projectos das Comemorações do Centenário da República teria proposto a consagração legal dos casamentos homossexuais (ou gay, como os ditos preferem). O Prof. Vital, ayatollah do politicamente correcto e reserva moral da Nação, diz que não é bem assim, e que o próprio DN inventou aquela ideia a partir de uma frase do Relatório da Comissão de Projectos das Comemorações do Centenário da República, que reza assim no ponto 3.3.: “no campo das relações sociais: proceder à revisão do código civil em matéria de relações familiares”. O Prof. Vital nega que desta frase se possa extrair a conclusão do DN, jornal que, por isso, de acordo com o ilustre académico, é (imagine-se, o DN da Fernanda Câncio) leviano, populista e preconceituoso.
Claro que o Prof. Vital, como presidente da dita comissão, pode bem fazer as interpretações autênticas que entender do texto do citado relatório. E até pode, envergonhado, fazer uma retirada estratégica. O que não pode – ainda que amiúde o queira – é fazer dos outros parvos. Primeiro, todos conhecem o ambiente instalado, desde a chegada ao poder do prof.-dr.-eng. Sócrates, no sentido de fazer a Nação engolir mais este sapo repelente. Depois, o próprio Prof. Vital, o tal que é presidente da tal comissão-destinada-a-fazer-da-comemoração-da-República-uma-festa-do-PS, não desconhecerá que mais adiante no texto do documento se diz que “Em todo o caso, o centenário da República deveria ser inserido no mainstream da acção política governativa até 2010 em tudo o que tenha que ver (…) com a promoção da igualdade no(s) plano(s) (…) do género (…).” A maçonaria, por mera coincidência, apoia a proposta. Posto isto, e a não ser que o Prof. Vital estivesse a pensar na consagração legal da poligamia, da poliandria, da trigamia ou da bigamia[1], cumpre perguntar: quem é que não é sério, quem é Senhor Professor?


[1] No que não pode fazer-se fé. Com efeito, na última edição da sua CRP Anotada (2007), p. 562, o ilustre (co)autor refere que “O primeiro dos requisitos do casamento, na sua noção tradicional, é o de que se trata de um contrato entre duas pessoas de sexo diferente, o que afasta as uniões de mais de duas pessoas, bem como as uniões de duas pessoas do mesmo sexo (sem prejuízo da eventual liberdade legislativa de atribuir a estas efeitos jurídicos idênticos ao casamento.” (itálico acrescentado). Não se explica, na anotação, a razão de a mesma liberdade não poder ser reconhecida a propósito da poligamia e de outras espécies de ajuntamento.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nos tempos que correm não tarda a ser obrigatório leccionar aos petizes aulas de educação sexual gay com profusas ilustrações do modus operandi de tais vaselinosas relações.
Torquemada Suave

Anónimo disse...

Trigamia eu axo bem, desde que sejam boas e baixem o preço ao fantástico comprimido. O resto 'tá mal